Genética

Biriba’s Genética de Suínos

Genética e Melhoramento Genético de Suínos

A Genética é um ramo da Biologia que estuda a herança da vida de animais, plantas, insetos e microrganismos. Seus princípios básicos foram descobertos em 1866 por Gregório Mendel e reconhecidos 34 anos após, em 1900.

A herança biológica é determinada pelos cromossomas, presentes nas células em número par para cada espécie, sendo de 19 de pares no caso dos suínos domésticos. Nos cromossomas se encontram os genes que são passados da geração dos pais para a geração dos filhos por meio de óvulos e espermatozoides. 

Apesar dos suínos apresentarem 38 cromossomas, óvulos e espermatozoides carregam, cada um, metade de uma amostra dos genes da mãe e do pai. Na monta natural, ou na inseminação artificial, milhões de espermatozoides dos machos reprodutores vão de encontro aos 10, 12, 15, 18, 20 ou mais óvulos liberados por cio pela fêmea. Apenas alguns espermatozoides se unem aos óvulos no momento da fertilização, momento no qual os 19 cromossomas presentes nos espermatozoides se juntam aos 19 cromossomas presentes nos óvulos formando embriões e, ao término da gestação, novos leitões, com 38 cromossomas. 

Dos 19 pares de cromossomas dos suínos, um par, denominado cromossoma sexual, é responsável por determinar o sexo dos animais. Machos suínos são heterozigotos (XY) e fêmeas são homozigotas (XX) para esse cromossoma. Devido ao efeito chamado de meiose que ocorre no desenvolvimento celular, as células sexuais dividem-se apenas uma vez e, em consequência disso, cada espermatozoide carrega um cromossoma X ou um Y, enquanto que cada óvulo da fêmea carrega um cromossoma X. Quando um cromossoma Y do macho se encontram com um cromossoma X da fêmea, um leitão macho passa a ser desenvolvido; quando um cromossoma X do macho se encontra com um cromossoma X da fêmea, uma leitoa passa a ser desenvolvida. 

Os demais 18 pares de cromossomas são portadores de genes que determinam as outras características dos animais. Suas células se dividem continuamente num processo chamado de mitose, e determinam, por exemplo, a cor da pelagem dos animais, a conformação e composição da carcaça, a capacidade dos animais de transformarem o alimento que consomem em maior ou menor quantidade de carne ou de gordura, a taxa de crescimento dos animais, etc. Esses genes interagem com as condições de criação dos animais, incluindo nutrição, alimentação, higiene, instalações e manejo, resultando na produção ou Fenótipo dos animais.

O fato dos cromossomas serem portadores de metade de uma amostra dos genes do pai e metade de uma amostra dos genes da mãe, e o fato desses genes se combinarem e de interagirem com as condições da criação, explicam a grande variação que observamos entre os animais, tanto em características de exterior quanto reprodutivas, de crescimento e de carcaça, as quais são de interesse do Melhoramento Genético. 

No Melhoramento Genético de Suínos exploram-se as semelhanças e, principalmente, as diferenças observadas entre os animais, associando-se, então, conhecimentos de herança Genética, de Reprodução e de Produção peculiares de cada espécie, e conhecimentos de Matemática e de Estatística, para avaliar quanto das diferenças observadas são de origem genética e quanto pode ser transmitido de uma geração para a próxima.
 A avaliação fenotípica ou de produção dos animais inicia quando anotamos a idade de uma leitoa ao cio, a data na qual é fertilizada, o número e o peso dos leitões produzidos em cada parto e até o desmame, consideradas características reprodutivas da porca, e depois, em Testes de Granja, o peso dos animais em diferente idades, sua taxa de crescimento (GPD), conversão alimentar e deposição de carne e de gordura “in vivo”, e, dependendo da Linha Genética, se de Fêmea, o número de tetos e o comprimento corporal dos animais, e, se da Linha Macho, sua conformação de pernil, paleta e lombo. 

O processo continua com a avaliação genética dos animais, na qual usamos informações disponíveis de todos os animais ao longo do tempo, e calculamos valores genéticos para cada característica e para cada animal. Esse processo pode ser complementado com a avaliação genômica dos animais, que pode iniciar, inclusive, tão logo os leitões nasçam, pelo exame de seu genótipo, ou no decorrer de sua vida, como foi o caso, já na década de 1990, do gene Halotano recessivo ((Haln), presente no cromossoma 6 dos suínos e erradicado dos planteis de  Landrace e Large White de Linhas Fêmeas, para evitar a produção de carne pálida, mole e exudativa (Carne PSE), de baixa qualidade tanto para processamento industrial como para consumo “in natura”.  

A expressão de algumas características de importância econômica dos suínos é mais complexa do ponto de vista fisiológico, genético e de manejo do que outras. O número de leitões nascidos por leitegada, por exemplo, depende da qualidade espermática do macho, da taxa ovulatória da fêmea, do manejo de detecção do cio e do momento da monta ou inseminação artificial em relação ao momento da ovulação. Uma vez ocorrida a fertilização e formação dos embriões, a sobrevivência desses dependerá do momento em que adentram o útero da fêmea, do local do útero no qual se aninham, da capacidade uterina da fêmea e do genótipo do embrião de crescer e se desenvolver no útero materno. Essa é uma das causas da baixa herdabilidade dessa característica, de 0,05 a 0,15, significando que, apenas 5 a 15% das diferenças observadas no número de leitões nascidos por leitegada são explicados geneticamente. A herdabilidade do GPD (ganho de peso diário) dos suínos varia de 20 a 25%, indicando que, apesar de se poder identificar uma maior participação genética na expressão da característica, 75 a 80% de sua expressão depende ainda de outros fatores. Comprimento corporal, rendimento e quantidade de carne são características que apresentam porcentagens maiores de identificação da influência dos genes, em torno de 40 a 60%. Apenas as características como cor da pelagem são determinadas por poucos genes, sabendo-se, por exemplo, que o gene para pelagem branca é dominante sobre os genes para pelagem preta, vermelha e malhada, e que o gene para pelagem preta é dominante sobre os genes para pelagem vermelha e malhada.

A seleção dos reprodutores é a principal “ferramenta” do melhoramento genético, e é realizada após se concluir todas ou algumas das fases de avaliação dos animais. Na seleção escolhem-se para reprodutores animais que atendam de modo mais adequado aspectos de interesse zootécnico e econômico da produção de suínos com o objetivo de acumular ganhos genéticos continuamente. Os cruzamentos entre raças podem acrescentar outros ganhos genéticos à produção dos suínos, denominados de heterose ou vigor híbrido, os quais são explorados por exemplo, quando se usam fêmeas F1, do cruzamento de machos e fêmeas Landrace e Large White, na produção de leitões, ou quando se usam machos mestiços de raças diferentes, por exemplo, Duroc e Pietrain, para acasalar com fêmeas F1, na busca de maior número de suínos por leitegada com maior produção de carne magra. 

A Genética e o Melhoramento Genético são instrumentos valiosos na economia da criação de suínos, proporcionando eficiência na produção de alimentos de alto valor biológico e nutricional.